Confissões de um blogueiro em crise: Por que a gordura alheia incomoda?

Confissões de um blogueiro em crise: Por que a gordura alheia incomoda?



- Nossa, como a Kelly tá gorda! Essa foi a primeira coisa que eu pensei ao assistir a performance da fia no Winter Concert Series do Good Morning America. É, mas não muito depois eu parei para refletir a razão desse meu pensamento, até porque, além de também estar gordo, procuro não ter preconceito com absolutamente nada (sim, procuro, até porque preconceito é uma coisa que, querendo ou não, entranha na gente). Sexo. Peso. Raça. Nenhuma dessas características me auxilia no julgamento do caráter de ninguém. Mas então, por que esse tipo de pensamento me veio à cabeça? Por que, ao invés da desenvoltura de Kelly no palco, a primeira coisa que eu visualizei e foquei durante boa parte da apresentação foi seu peso. Será que tem alguma coisa errada comigo?

Não lembro exatamente onde, mas certa vez eu li que boa parte dos "defeitos" que encontramos nos outros também estão presentes em nós. Desse modo, será que eu foquei única e exclusivamente no fato da Kelly estar acima do peso por eu também estar? Não sei. Também não sei se já é muita viagem da minha cabeça, mas sinto que ela não está muito confortável nessa situação. Tanto que no clipe de "Heartbeat Song", faixa que ela apresentou no GMA, a fia mascara de tudo quanto é jeito o seu peso atual. É véu pra cá, filtro gradiente pra lá, foco da câmera sempre no rosto. Corpo que é bom, só a metros de distância. Será que este mesmo pensamento também passou pela cabeça dela?

Por que não olhar para alguém que já foi magro e agora é gordo de maneira natural? É, até porque artistas como Adele e Meghan Trainor, que já surgiram no mercado musical de maneira mais, digamos, voluptuosa, não costumam sofrer tanto com comentários do tipo. Se bem que eu não estou nem falando das babaquices disfarçadas de opiniões sobre absolutamente tudo que a gente encontra com a maior facilidade do mundo na internet, mas sim desse pensamente quase que automático que me veio à cabeça. Será que ele surgiu do fato de eu não aceitar meu peso atual? Ou será que foi do fato da Kelly, aparentemente, não estar à vontade com o seu? Quantas perguntas sem resposta. Acho que, no final das contas, não tem nada de errado comigo, nem tampouco com ela, mas sim com algumas informações e resoluções que, querendo ou não, são enfiadas na nossa cabeça desde à infância, fazendo com que tenhamos que tirar um tempinho da nossa vida adulta para refletir o que realmente deve ou não ser mantido dentro de nós. Desligar o automático e viver o manual. É tudo que eu quero!

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