Como será que o mundo estaria agora se a Fergie nunca tivesse entrado para o The Black Eyed Peas? Olha, o mundo eu não sei, mas a discografia da banda, com toda certeza, estaria bem diferente. Responsável por apresentar uma perpectiva mais pop da música para o agora (novamente) trio, Stacy resolveu ficar de fora das comemorações de 20 anos do grupo (que, olha, não estão fazendo muito sentido pra galera de exatas, até porque seu álbum de estreia, o Behind The Front, saiu em 1998, contabilizando 17 anos, e a Fergie só entrou pro The Black Eyed Peas em 2002, num total de 13 anos) voltando suas atenções única e exclusivamente para o lançamento do aguardadíssimo sucessor do The Dutchess, seu álbum de estreia em carreira solo lançado em 2006, que até ensaiou um lançamento do meio pro fim do ano passado com "L.A. Love (La La)", mas que simplesmente não vingou.
- Ah, mas o The Black Eyed Peas sem a Fergie não é nada, certo? Bem, talvez. Depois de ter o seu apogeu com o maravilhoso, futurístico e inovador The E.N.D. de 2009, que, segundo rumores, seria seu último álbum enquanto banda, Will.i.am e companhia (ou será que foi só ele?) acharam que aquela temática ainda tinha muito o que dar em termos visuais e sonoros e, logo no ano seguinte, meteram um similar goela abaixo na galera. O problema é que, logo na primeira ouvida, era perceptível que o The Beginning ainda era um disco bastante cru (como que feito às pressas), soando como uma verdadeira compilação de faixas descartadas de seu predecessor. O resultado disso? Pouco mais de 100 mil cópias vendidas em sua semana de estreia (contra mais de 300 mil do disco anterior), singles divulgados de maneira medíocre e nada de turnê.
Como o ditado diz que é importante viver para aprender, o The Black Eyed Peas viveu e ainda está aprendendo (especialmente o seu líder, Will.i.am., que se agarrou nessa temática futurística de uma maneira que eu acho que o fio tá fazendo terapia até hoje). Agora sem Fergie e com boatos que apontavam CL (sim, a do 2NE1) como o mais novo rosto feminino do grupo, a banda acabou fazendo o seu retorno do jeitinho que debutou: como um trio. E não é só na formação que eles estão bastante parecidos com os caras que deram início a essa história lá em meados dos anos de 1990, não. Como que num resgate de suas raízes, Will.i.am., Apl.de.ap e Taboo fazem de "Yesterday", comeback-single que teve seu clipe divulgado nessa sexta-feira (17) com exclusividade pela Apple Music, um verdadeiro convite, não só para seus fãs, mas para todos que querem saber como tudo começou.
Com introduções eletrônicas bastante sutis (como dizem nos AAs da vida, "um dia de cada vez"), "Yesterday" se assemelha bastante ao hip hop alternativo que o The Black Eyed Peas costumava trabalhar em seus álbuns A.F. (antes da Fergie). Com uma mistura de samples e sonoridades características da música de rua que ganhou as rádios do mundo inteiro nas décadas de 1980 e 1990, a banda segue o seu resgate também em termos visuais. Fazendo uso de aparatos tecnológicos de maneira perspicaz, o trio faz do clipe de "Yesterday" uma verdadeira celebração a música negra americana, prestando homenagem a alguns dos maiores nomes do movimento, bem como a alguns de seus hinários presentes numa típica loja de discos onde a banda recriou a capa de álbuns clássicos de maneira bem humorada, assim como Erykah Badu fez no clipe de "Honey" (que eu simplesmente pirava toda vez que passava na MTV ♥). Confira: